OLHAR DE UM MORADOR
Esta pesquisa foi feita no bairro vila nova carajás na cidade de Santana do Livramento, o objetivo da mesma foi o de conhecer melhor sua história.
Houve o tempo em que o bairro vila nova carajas não era habitado por pessoas e em seu espaço existia muito campo e em grande parte aos pés do cerro do Panchito.
Na entrevista com um morador antigo pude viver um pouco daquela época e aproveitar um pouco da riqueza daquele espaço, sem luz, estrada de chão e a existência de 4 a 5 residências, segundo este morador o único antigo ainda existente pois segundo ele todos os outros ja morreram o nome caraja dado ao bairro foi devido ao arroyo que cruza o bairro; segundo ele também o nome caraja é uma palavra guarani dada por causa de uma reboleira de arvore que nasce na beira deste mesmo arroyo.
Segundo este morador 15 hequitares de terra foi comprado por seu pai podendo ser identificado como morador fundador do bairro, esta terra foi comprada para criar e plantar, pois seu proprietário era agricultor profissional, com o passar dos anos o proprietário fundador vendeu o campo por lotes deixando um espaço de herança para o filho, este mora a uns 45 anos no local e diz que grande parte dos moradores é de classe pobre.
o bairro depois do começo de sua povoação foi palco de funcionamento de alguns comércios como, por exemplo, açougue que após transformou-se em frigorífico, cabanha, serviu para apicultura e hoje esta desativado; no mesmo bairro também existiu um galpão de secagem de arroz, um ferro velho que funcionava 24 horas e armazém.
Hoje podemos visualizar no bairro algumas mudanças como: rua asfaltada, com iluminação e ônibus que passa em alguns horários, o bairro é bem povoado com alguns de seus antigos prédios sucateados ou abandonados, como comercio podemos citar uma borracharia, cabanha e bar lancheria.
Este bairro onde decidi passear e conhecer é um espaço riquíssimo para grandes mudanças e transformações é nele que se localiza a possível escola parceira que se chama Célia Irulegui, na entrevista com pessoas da comunidade e profissional que ali trabalha pude conhecer bem mais deste ambiente educacional ao qual estou aprendendo a admirar.
Visão e profissionalismo da possivel escola parceira:
RELATO DE UM OLHAR PARTICULAR E INVESTIGATIVO DA ACADÊMICA SOBRE O BAIRRO E POSSIVEL ESCOLA PARCEIRA.
A escola CÉLIA IRULEGUI é municipal de ensino fundamental, localiza-se em uma vila da cidade de sant’ana do livramento e foi construída nos pés do cerro do panchito, virando de frente para ela é possível ver muitos campos com alguns bichos como, por exemplo, cavalo, gado etc., mas ao virar de costas tem-se outra visão, em seu entorno existe quatro direções, num deles é possível visualizar muitas árvores e nada mais em volta, pois se localiza a direita da escola seguindo pela BR que dá acesso a cidade, paralelo a entrada da cidade em direção ao passo do Guedes encontra-se outro bairro que não é o mesmo da escola, mas faz parte de seu entorno onde podemos encontrar uma correaria que confecciona e faz reparos em freios, esporas, estribos etc., possui armazém, pousada, centro de eventos umbu que promove atividades relacionadas ao homem do campo como: palhetiada, tiro de laço, gineteada etc.
Seguindo pela BR em direção ao centro da cidade encontramos padaria, comercio de artesanato campeiro (com venda de pelegos, palas, bancos etc.), clinica veterinária, dois silos de armazenamento de arroz, plantação de hortaliças. Da escola indo a esquerda à mesma quadra encontra-se uma borracharia, um galpão abandonado que era utilizado para atividades de reciclagem, antigo matadouro que foi transformado em cabanha e após em apiário e hoje se encontra em ruínas.
A comunidade entorno da escola é pobre, mas não carente, suas casas encontram-se em perfeitas condições, são bem organizadas e na grande maioria são de alvenaria a comunidade gosta do meio ambiente e demonstram através do paisagismo decorando suas casas e as calçadas com árvores e plantas.
Com essa observação foi possível perceber que a escola é urbana, mas possui muito do meio rural, pois nela esta presente muitas atividades que trazem em seu contexto o homem do campo, o seu entorno da à possibilidade de uma enorme diversificação nas aulas além da grande riqueza possibilitando trabalhar junto aos conteúdos, os costumes do povo de nossa região, modo de vida etc. A bairro encontra-se um pouco abandonado, pois havendo um melhor aproveitamento do que nele já existe, traria desenvolvimento para ele e por conseqüência para cidade onde ele esta inserido, além de trazer benefícios não só para a comunidade mas também para a escola como por exemplo a ampliação na estrutura da mesma.
FAIXAS DA ENTREVISTA FEITA COM O LIDER PIONEIRO DO BAIRRO
Ao entrevistar o senhor Hermes Garcia, líder comunitário do entorno da escola parceiro, a acadêmica procurou conhecer um pouco mais do bairro assim como a comunidade que nele esta inserida levando em consideração aspectos como estrutura, necessidades, disponibilidade de recursos, políticas publicas, classe social, o papel do líder pioneiro, como ele trabalha e com quem ele trabalha.
Palavras do líder:
Não me considero líder pioneiro, sou um cidadão com consciência cidadã, não possuo associação, eu sou a associação, tenho tudo legalizado, trabalho sozinho e não possuo retorno das autoridades, faço porque gosto e acredito que se cada um cuidasse de dez metros em frente de sua casa a realidade seria bem diferente.
Aos 16 anos já lutava contra a ditadura em POA e isso me serviu de estímulo para seguir lutando, o que sou esta no sangue, na personalidade, no meu jeito de ser. A vontade de lutar pela e para a comunidade surgiu quando meu filho convidou-me para andar de bicicleta na praça, mas quando cheguei la tudo estava tomado de mato e cerca viva.
Eu não era nada e isso me sufocava então comecei a correr atrás, precisava quebrar paradigmas culturais, não sou daqui, mas vim para multiplicar tendo no foco a cidadania.
A transformação é lenta, “é pelas crianças que se fará a transformação para então chegar aos pais e a grande parte da comunidade”. Possuo um projeto chamado reeducar (reinserção social de apenados, coloco-os a trabalhar pela comunidade, a cada três dias de trabalhos na comunidade é descontado um na prisão), faço isso, pois acredito que o cidadão tem jeito, mas para isso é preciso acreditar, confiar.
O bairro precisa urgentemente de cultura educacional, o nível escolar da comunidade é baixo, de exclusão, alienação.
Hoje acabei uma pesquisa de campo que durou três dias onde sai pelo bairro atravessando ruas e travessas observando a iluminação nas mesmas, o que presenciei é critico, num lugar onde temos 200 pontos, 75 estão apagados, já estou com meu trabalho concluído para levar as autoridades competentes e uma segunda via levarei a rádio, o trabalho de pesquisa esta pronto agora é só operacionalizar. O que poço faço não tenho medo, coloco a mão na massa mesmo, com meu salário compro o que necessito para que eu e os apenados possamos trabalhar, possuo carros de mão, enxadas, pás etc. todo tipo de ferramenta necessária para nosso trabalho; eu não dou o peixe, mas ensino a pescar. Quero tornar a cidade receptiva, acolhedora, sei que este projeto é em longo prazo, mas enxergo la na frente.
Posicionamento da acadêmica: com a entrevista pude perceber que tudo é possível desde que aja força de vontade, tem um ditado que diz
“uma andorinha não faz verão”, mas se cada uma voasse aos poucos com certeza viveríamos dias mais quentes o lugar de fazer algo é aqui e à hora é agora, é fácil olhar as coisas e dizer que é difícil ou que não tem mais jeito, mas o que realmente o mundo precisa é de pessoas que não esperem sentadas os dias passarem, mas que façam as coisas acontecerem.